Os
anos transcorridos entre agosto de 1952 e abril de 1957 não
figurarão detalhadamente em minhas memórias porque quase todo esse
tempo eu o passei no Chile e não me aconteceram coisas curiosas
capazes de divertir meus leitores. No entanto é preciso enumerar
alguns fatos importantes desse espaço de tempo. Publiquei o livro
Las uvas y el viento, que estava pronto. Trabalhei
intensamente nas Odas elementales, nas Nuevas odas
elementales e no Tercer libro de las odas. Organizei um
congresso continental da cultura, que se realizou em Santiago e para
o qual vieram relevantes personalidades de toda a América. Também
celebrei em Santiago o cumprimento de meus cinqüenta anos, com a
presença de escritores importantes de todo o mundo. Da China vieram
Ai Ching e Emi Siao; Ilya Ehrenburg voou desde a União Soviética;
Dreda e Kutvalek, da Tchecoslováquia; e, entre os latino-americanos,
estiveram Miguel Ángel Asturias, Oliverio Girondo, Norah Lange,
Elvio Romero, Maria Rosa Oliver, Raúl Larra e muitos outros. Doei à
Universidade do Chile a minha biblioteca e outros bens. Fiz uma
viagem à União Soviética como jurado do Prêmio Lênin da Paz, que
eu mesmo tinha obtido quando ainda se chamava Prêmio Stalin.
Separei-me definitivamente de Delia del Carril. Construí minha casa
“La Chascona” e me mudei para viver nela com Matilde Urrutia.
Fundei a revista Gaceta de Chile, dirigindo-a durante alguns
números. Tomei parte nas campanhas eleitorais e em outras atividades
do Partido Comunista do Chile. A editora Losada de Buenos Aires
publicou minhas obras completas em papel-bíblia.
Pablo
Neruda, in Confesso que vivi
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