que
sempre entra pela porta da rua
e
sobe só pelas escadas.
Mandei
pensando nisso fazer uma escada de caracol
para
que ela chegasse tonta ao meu quarto
—
coisa
de rir!
Ela
se deixaria então cair na primeira cadeira,
arfando...
Mas
quem foi que disse que ela tem cara de caveira?
É
uma simpática vovozinha.
Sorrio-lhe,
do meu leito,
embora
me sinta um pouco triste...
porque
é bom estar para morrer
da
mesma forma que é bom estar numa sala de espera
folheando
revistas velhas...
É
isto! Folheio essas estampas
de
minha memória,
meio
desbotadas...
Súbito,
um lábio vermelho desenha-se entre elas
como
se acabasse de ser traçado a batom!
O
resto, é tudo no mesmo tom.
Espio,
para variar, o azul do céu lá fora,
para
onde estarão olhando outros que em breve terão alta.
As
visitas do médico têm sido cada vez mais espaçadas e mais rápidas.
E
sinto que em breve ele se cruzará no caminho com o padre:
“É
a sua vez, agora!”
Qual!
isso seria melodramático
que
nem novela de tevê...
Na
sua cadeira
a
morte espera, paciente
(ela
não é nenhuma assassina).
Ela
deveria fazer tricô...
mas
para quê? mas para quem?
Agora,
uma asa paira no azul.
Paira
no azul...
Não
atribuas a isso qualquer intenção simbólica:
tudo
é tão simples...
Aliás,
eu me achava tão longe...
O
que sempre salvou a morte (e a vida) da gente
é
pensar em outras bobagens…
Mário
Quintana
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