O Espelho (1785), de Élisabeth Le Brun
Olhar-se
ao espelho e dizer-se deslumbrada: Como sou misteriosa. Sou tão
delicada e forte. E a curva dos lábios manteve a inocência.
Não
há homem ou mulher que por acaso não se tenha olhado ao espelho e
se surpreendido consigo próprio. Por uma fração de segundo a gente
se vê como a um objeto a ser olhado. A isto se chamaria talvez de
narcisismo, mas eu chamaria de: alegria de ser. Alegria de encontrar
na figura exterior os ecos da figura interna: ah, então é verdade
que eu não me imaginei, eu existo.
Clarice
Lispector, in Todas as crônicas
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