quinta-feira, 18 de junho de 2020

Soneto 40, de Shakespeare

Rouba, sim, meus amores, amor, eles todos,
O que acaso tens tu que não tinhas outrora?
Verdadeiros amores, nenhum, só engodos;
O que tenho era teu, e isso não é de agora.
Pelo amor que me tens meu amor me tomaste,
E de usar meu amor nunca posso culpar-te,
Entretanto te culpo, se tu te entregaste
Por capricho a quem sempre deixavas à parte.
Eu perdoo teu roubo, ladino gentil,
De ti mesmo furtaste esta minha pobreza;
Eis que o amor sempre soube que é muito mais vil
Suportar-lhe os enganos que a dor da crueza.
…….. Graça cúpida, fonte de males extremos,
…….. Com desprezo me mata, mas nunca lutemos.
William Shakespeare, traduzido por Emmanuel Santiago

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