Por
que lhe deram esse nome — Vitrúvio? Porque os pais acharam bonito.
Assim, por ter crescido Vitrúvio, quis tornar-se Vitrúvio, mas a
profissão de arquiteto não combinava com o seu eu profundo.
Seus
projetos conduziam a desabamentos, e teve de resignar-se a não
projetar no papel. Passou a fazê-lo em imaginação, reconstruindo
totalmente Paris e outras cidades, e conquistando prêmios acadêmicos
de repercussão internacional.
Mas
vivia triste, porque Cristina Onassis não lhe deu licença para
instalar na ilha de Scorpios o Centro Universal de Festas, obra que
traria felicidade ao mundo. Por mais que insistisse em sonho, ela
continuava irredutível. A imaginação freou-se a si mesma. Se fosse
procurá-la pessoalmente, talvez a moça acabasse cedendo à
insistência. Mas de longe, e em pensamento, nunca.
Vitrúvio
jamais se consolou, e passou a considerar Cristina mulher sem
imaginação.
Carlos
Drummond de Andrade, in Contos plausíveis
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