Joaquim
Pinto de Oliveira (Santos,
1721 –
São
Paulo, 1811), também
conhecido como Tebas,
foi um escravo
e artesão que, após
a sua alforria,
se
tornou arquiteto
em São Paulo durante o Brasil Colonial.
Joaquim
Pinto de Oliveira, ou Tebas,
como ficou conhecido, conseguiu a alforria aos 58 anos e deixou sua
marca na cidade escravocrata. Responsável pela ornamentação de
diferentes igrejas, ele teve participação em obras importantes como
os projetos de restauração do Mosteiro de São Bento (1766 e 1798)
e da antiga Catedral da Sé (1778). Joaquim nasceu na cidade de
Santos como uma pessoa escravizada, que foi trazido do litoral
paulista até São Paulo por Bento de Oliveira Lima, um
mestre-pedreiro português de quem Tebas era escravizado. Em 1778,
libertou-se da escravatura. Joaquim prestou serviços para as
principais ordens católicas. Os Beneditinos,
os Carmelitas,
e os Franciscanos
o
contrataram para a construção do Largo
São Bento,
a Igreja
da Ordem Terceira do Carmo,
e o Largo
de São Francisco,
respectivamente. Joaquim também serviu à Igreja
Católica,
construindo uma das torres, e a reforma da primeira Igreja
da Sé.
Especialista
na arte e na técnica de talhar e aparelhar pedras, Tebas impactou de
forma decisiva uma São Paulo até então erguida principalmente com
taipas, construções de barro com possibilidades estéticas muito
limitadas. Seu trabalho era requisitado, sobretudo, pelas ordens
religiosas presentes na cidade desde a fundação.
“Ele
foi um construtor que chegou a São Paulo escravizado, vindo de
Santos, trazido por um mestre pedreiro português que identificou na
cidade uma oportunidade de trabalho”, conta o jornalista Abilio
Ferreira, organizador do livro Tebas: um negro arquiteto na São
Paulo escravocrata, lançado em 2019 por ele, Carlos Gutierrez
Cerqueira, Emma Young, Ramatis Jacino e Maurílio Chiaretti. “Na
época, quem tinha recursos eram as corporações religiosas. Por
isso, ele atuou nos três vértices do chamado triângulo histórico
formado pelos conventos de São Bento, do Carmo e de São Francisco”,
recorda o escritor. O trabalho cuidadoso com ornamentos transformou o
pedreiro de ofício num arquiteto disputado, contratado pelos
beneditinos, carmelitas, franciscanos e católicos.
Embora
tenha tido seu talento reconhecido em vida, sua história foi perdida
com o tempo até cair no esquecimento. Apesar disso, obras como as
fachadas da Igreja da Ordem 3ª do Carmo e da Igreja das Chagas do
Seráfico Pai São Francisco, ambas no centro da capital, resistem ao
tempo e continuam de pé. Seu trabalho mais conhecido não teve a
mesma sorte. O Chafariz da Misericórdia, primeiro chafariz público
da capital, foi demolido em 1866 após o processo de canalização de
água no centro. A obra, erguida onde hoje está a Rua Direita,
funcionava como um ponto de encontro de escravizados que buscavam
água para seus senhores.
Longevo
e talentoso, Joaquim Pinto de Oliveira exerceu seu ofício até os 90
anos. Morreu no dia 11 de janeiro de 1811, vítima de uma gangrena
possivelmente causada por acidente de trabalho. E, apesar de ter
definido os traços da arquitetura colonial paulistana, apenas foi
reconhecido arquiteto mais de 200 anos depois, em 2018, pelo
Sindicato dos Arquitetos no Estado de São Paulo (Sasp), depois que
documentos oficiais localizados pelo Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) revelaram as relações de
trabalho entre o arquiteto escravizado e as ordens religiosas. “É
importante ressaltar que Tebas não era uma exceção. Os africanos
transplantados para as Américas trouxeram consigo muitos
conhecimentos, principalmente sobre o trabalho com pedras e metais”,
afirma Abilio. “Ele é mais um personagem que nos oferece pistas
que dignificam esse segmento da população esquecida”.
Após
o lançamento do livro, o grupo de pesquisadores agora busca apoio
para fortalecer as pesquisas e descobrir mais detalhes da trajetória,
do legado e da história de vida de Tebas. “Ainda faltam muitas
peças nesse quebra-cabeça. A pesquisa sobre essa figura histórica
precisa ser estimulada. Há muitas perguntas sem respostas, como a
sua religião, além de muitas outras obras, em São Paulo e Santos,
que podem ser de autoria dele e sequer imaginamos”.
Fonte:
Wikipédia
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