(Em
memória de meu pai, transcrevo suas palavras: “e,
circunstancialmente, entre posturas mais urgentes, cada um deve
sentar-se num banco, plantar bem um dos pés no chão, curvar a
espinha, fincar o cotovelo do braço no joelho, e, depois, na altura
do queixo, apoiar a cabeça no dorso da mão, e com olhos amenos
assistir ao movimento do sol e das chuvas e dos ventos, e com os
mesmos olhos amenos assistir à manipulação misteriosa de outras
ferramentas que o tempo habilmente emprega em suas transformações,
não questionando jamais sobre seus desígnios insondáveis,
sinuosos, como não se questionam nos puros planos das planícies as
trilhas tortuosas, debaixo dos cascos, traçadas nos pastos pelos
rebanhos: que o gado sempre vai ao poço”.)
Raduan
Nassar, in Lavoura Arcaica
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