Quando foram desalojados do Paraíso,
Adão e Eva mudaram-se para África, não para Paris.
Algum tempo depois, quando os seus filhos
já se tinham lançado pelos caminhos do mundo, foi inventada a
escrita. No Iraque, não no Texas.
Também a álgebra foi inventada no
Iraque. Fundou-a Mohamed al Jwarizmi, há mil e duzentos anos, e as
palavras algoritmo e algarismo derivam do seu nome.
Os nomes costumam não coincidir com o
que nomeiam. No British Museum, por exemplo, as esculturas do
Pártenon chamam-se “mármores de Elgin”, mas são mármores de
Fídias. Elgin era o nome do inglês que as vendeu ao museu.
As três novidades que tornaram possível
o Renascimento europeu, a bússola, a pólvora e a imprensa, tinham
sido inventadas pelos chineses, que também inventaram quase tudo o
que a Europa reinventou.
Os
hindus souberam antes de todos que a Terra era redonda e os maias
tinham criado o calendário mais exato de todos os tempos.
Eduardo
Galeano, in O paradoxo andante
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