Envelhecem
as horas,
entontecem
ponteiros
como
punhais vazando insaciáveis relógios.
O
sono é um vidro
onde
se guardam cansaços
de
antes de termos nascido.
Piso
estilhaços desse vidro,
tropeçam-me
os olhos nas pestanas:
um
tropel de luz
assusta
um bando de aves sem asas.
A
noite, em mim,
ganhou
diurno vício:
uma
outra vez,
tomei
luar na veia.
Mia
Couto
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