A
luz
tateia
em teus olhos:
inundação
de lua
em
gravidez de pupilas.
Teus
dedos temperam a noite
para
que nunca mais nasçam manhãs.
Tão
lancinante fome
que
se esquece de pedir:
antes
de seres flor
te
colho em fruto.
Tanta
sede de lava:
tua
boca é água nascente.
O
luar em ti me diz:
tudo
é última vez.
Teu
riso, à despedida:
um
girassol
que
ama o escuro.
No
adeus sem voz
eu
escureço, rua abaixo,
e
terrestre se vai fazendo o céu.
Mia
Couto
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