Não
me lembro de nada que tenha me dado tanto e tão constante prazer
desde a infância quanto o cinema — incluindo aí mamadeiras,
primas e gibis. A segunda melhor coisa que você pode fazer no escuro
é ver um filme. A primeira é ver um grande filme. Obrigado, cinema.
Também
quero aproveitar para fazer um levantamento das conclusões a que
cheguei depois de uma vida de cinemeiro, de um ponto de vista
estético, e levando em consideração a dinâmica da imagem
significante enquanto contexto histórico/espacial neo-etc.
Melhor
Tarzan: Johnny Weissmuller.
Melhor
Robin Hood: Errol Flynn.
Melhor
Sherlock Holmes: Basil Rathbone.
Melhor
Drácula: Bela Lugosi.
Melhor
monstro de Frankenstein: Boris Karloff.
Melhor
Hamlet: Laurence Olivier.
Melhor
Julieta: Grande Otelo.
Melhor
grito de pavor: Barbara Stanwick.
Melhor
homem branco desestruturado pelos trópicos: Trevor Howard.
Maior
exemplo de desperdício, sem contar a batalha naval em Cleópatra:
aquele filme em que a Nastassja Kinski passa o tempo todo dentro de
uma fantasia de gorila.
Melhor
bandido: Dan Dureya.
Melhor
suor: Charles Laughton.
Fala
mais inesquecível de um ator secundário num filme italiano:
“Sportivo!”.
Melhor
símbolo de dissolução de costumes num filme nacional: Fregolente.
Melhores
dez segundos de interpretação feminina sem palavras num filme em
preto-e-branco: Shirley MacLaine em Se meu apartamento falasse,
quando, no meio da festa de ano-novo, se dá conta de que o Jack
Lemmon está sozinho em casa.
Melhores
ombros: Joan Crawford. Melhores seios: Martine Carol (o esquerdo) e
Laura Antonelli (o direito).
Era
o depoimento que eu queria dar.
Luís
Fernando Veríssimo, in Banquete com os deuses
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