quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Melhores

Não me lembro de nada que tenha me dado tanto e tão constante prazer desde a infância quanto o cinema — incluindo aí mamadeiras, primas e gibis. A segunda melhor coisa que você pode fazer no escuro é ver um filme. A primeira é ver um grande filme. Obrigado, cinema.
Também quero aproveitar para fazer um levantamento das conclusões a que cheguei depois de uma vida de cinemeiro, de um ponto de vista estético, e levando em consideração a dinâmica da imagem significante enquanto contexto histórico/espacial neo-etc.
Melhor Tarzan: Johnny Weissmuller.
Melhor Robin Hood: Errol Flynn.
Melhor Sherlock Holmes: Basil Rathbone.
Melhor Drácula: Bela Lugosi.
Melhor monstro de Frankenstein: Boris Karloff.
Melhor Hamlet: Laurence Olivier.
Melhor Julieta: Grande Otelo.
Melhor grito de pavor: Barbara Stanwick.
Melhor homem branco desestruturado pelos trópicos: Trevor Howard.
Maior exemplo de desperdício, sem contar a batalha naval em Cleópatra: aquele filme em que a Nastassja Kinski passa o tempo todo dentro de uma fantasia de gorila.
Melhor bandido: Dan Dureya.
Melhor suor: Charles Laughton.
Fala mais inesquecível de um ator secundário num filme italiano: “Sportivo!”.
Melhor símbolo de dissolução de costumes num filme nacional: Fregolente.
Melhores dez segundos de interpretação feminina sem palavras num filme em preto-e-branco: Shirley MacLaine em Se meu apartamento falasse, quando, no meio da festa de ano-novo, se dá conta de que o Jack Lemmon está sozinho em casa.
Melhores ombros: Joan Crawford. Melhores seios: Martine Carol (o esquerdo) e Laura Antonelli (o direito).
Era o depoimento que eu queria dar.
Luís Fernando Veríssimo, in Banquete com os deuses

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