Tem
um lugar no meu quarto
em
que a luz não entra.
Tudo
que se tenta
não
dá certo.
Em
vão tirar telha,
abrir
janela,
furar
o teto.
Postou-se
ali um escuro
soturno
e quieto,
recentemente
diagnosticado.
É
uma fração de passado
que
o tempo não leva
para
não rever fatos,
e
que a vida ceva
porque
é da vida conservar mandatos.
Para
que o escuro seja então cassado,
é
preciso um clarão qualificado,
capaz
de sorvê-lo em sucção;
que
durante o processo de deglutição
use
artimanha,
até
transformá-lo em cavidade.
É
nesse vão que vai florar felicidade,
parida
da entranha do bicho-papão.
Flora
Figueiredo
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