Cara
suja, perna torta
que
recorta a rua em pedacinhos,
em
busca de troco ou de carinho.
Sobra
cadente a roupa na pele arrepiada.
Dorme
ao relento, no saco de estopa,
filho
de mãe morta, pai detento,
uma
irmã vadia, outra viciada.
De
seu canto de calçada,
vê
a turba passar a sua urgência
como
fosse estouro da boiada.
É
caça ao tesouro ou testam resistência?
Quando
ele crescer,
se
a fome não ganhar,
se
a cola não roer,
também
quer chegar a algum lugar.
Caso
consiga dominar sua desdita,
ele
quebra a garrafa e corta a fita
como
num gesto de inauguração
de
quem começou coisa bonita.
Mas
caco de vidro, cuspe, navalha, boné,
molambo,
menino, bandalho, Zé.
Flora
Figueiredo
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