Se Nelson
Rodrigues tinha as estagiárias da PUC, Mario tinha as jovens
repórteres de TV.
Em 1978,
o Planetário da Universidade Federal do Rio Grande do Sul resolveu
misturar poesia e astronomia. Os poemas de Quintana integravam o
projeto e ele foi convidado para dar uma entrevista coletiva a
respeito lá mesmo, no belo prédio futurista do planetário. Depois
de toda a badalação dos 70 anos, já estava mais ou menos amaciado
para essas coisas de entrevistas.
Falou com
repórteres de jornais e agora, pacientemente, esperava que a equipe
da TV Gaúcha se organizasse para gravar com ele. Teste daqui, luz
dali, liga, desliga, microfone, contraplano, ok?, e ele olhando,
quieto.
Lançada
no Brasil pela TV Globo, estava na moda aquela história de o
repórter encostar o microfone na boca do entrevistado e perguntar:
“Quem é o Fulano de Tal?”. E o Fulano respondia: “Sou um ator,
um homem do povo, que compra em supermercado, entra em ônibus,
acredita no mundo novo, patati, patatá”. Deu pra lembrar? A
repórter da TV Gaúcha precisava estar na onda e foi de primeira:
– Quem
é Mario Quintana?
Surpreso,
quase incrédulo diante da pergunta, ele só achou uma saída:
– Sou
eu, minha filha.
Juarez
Fonseca, in Ora bolas – O humor de Mario Quintana
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