Interrogado
pelo comissário, jurou inocência. Inquirido pelo delegado, voltou a
jurar. Não acreditaram. Foi indiciado, pronunciado, julgado,
condenado. Sempre gritando que estava inocente.
No
fim de cinco anos de prisão, acabou convencido de que era mesmo
culpado. Pediu que o julgassem novamente, para agravamento de pena.
Em vez disto, soltaram-no porque findara a pena.
Saiu
confuso, já não tinha certeza se era culpado ou inocente, ou as
duas coisas ao mesmo tempo. Como toda gente.
Carlos
Drummond de Andrade,
in Contos plausíveis
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