domingo, 7 de maio de 2017

O mundo interior

O mundo interior já não é
a área nebulosa da nossa mais alta privacidade,
o espaço das formas quase abstratas
onde apoiamos nossos desejos.

É uma abóboda no avesso do mapa,
um antimapa, com sol perene
e luz perfeita,
equidistante e autonutrida,
uma camada fértil e íntegra
onde possivelmente vivem
nossos verdadeiros antípodas.

É o que dizem os profetas, os perscrutadores dos sonhos,
os intérpretes dos testamentos.

Mas eu pergunto pela noite
mãe do terror e da fantasia,
nutriz do sobressalto, sol de sombras,
eu pergunto pela noite que
este mundo interior não conhece.

A luz permanente deve queimar como um inferno:
todas as coisas e todos os seres constantemente exposto e em
silêncio e insônia
as peles transparentes e radiosas como as medusas do mito.
Ansiando pela noite.
Walmir Ayala

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