Samuel
Lago é um homem risonho, afável, apaixonado pela educação.
Escreve deliciosamente. Recebi dele um livrinho, livrinho mesmo, 7
centímetros de largura por 10 de comprimento, cheio de aforismos
sobre a educação. Muitos grandes pensadores se deliciavam com os
aforismos. Lembro-me de Lichtenberg, que Nietzsche e Murilo Mendes
muito amavam, Nietzsche, Oscar Wilde. Um aforismo é um relâmpago:
brevíssimo, ilumina os céus. Por vezes racha rochas. Muitos
cérebros são rochas. Aqui vão alguns canapezinhos. “A verdadeira
dificuldade não está em aceitar ideias novas, mas em escapar das
ideias antigas” (Keynes). “Sábio é aquele que se espanta com
tudo” (André Gide). “Todos os jogos são educativos, menos os
jogos educativos” (André Lapierre). “Pensa como pensam os
sábios, mas fala como falam as pessoas simples” (Aristóteles).
“Tudo que se ensina à criança a impede de inventar ou de
descobrir” (Piaget). O aforismo de André Gide, em especial, me
deixou feliz. Porque eu já fiz a sugestão (minhas sugestões,
usualmente, não são levadas a sério. Aqueles que as leem acham que
estou brincando, fazendo gozação. Tudo o que é diferente
espanta!)... eu já fiz a sugestão de que se criasse um novo tipo de
professor: professor de espantos. Mas... todo professor não deveria
ser um professor de espantos?
Rubem
Alves,
in Ostra
feliz não faz pérola
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