Duas
estudantes de mais ou menos 14 e 15 anos estão na parada de ônibus
esperando a mesma linha que a minha. Um loirinho senta no banco
também de uma parada de ônibus só que do outro lado da rua:
-
Olha o Vitor, amiga.
-
Onde?
-
Do outro lado da rua.
-
Ele é lindo, não?
-
Um broto.
-
Vai lá com ele.
-
Não.
-
Pq?
-
Acabei de comer coxinha com pimenta. Devo estar com bafo.
Acendo
um cigarro e chego nas duas falando:
-
Ele não vai ligar se for um garoto esperto. Vai lá!
-
Cê acha mesmo, tio?
-
Acho. Vai lá. Toma coragem na vida, guria.
-
Tá bom.
Ela
bota uma balinha de menta na boca e passa batom nos lábios. A amiga
sorri de felicidade. Está torcendo pela paixão só que o coletivo
para do outro lado levando o moleque.
-
Não foi dessa vez, amiga. Amanhã você fala com ele na hora do
recreio.
-
Não tenho sorte com o Victor.
Dou
uma tragada funda no derby e falo pra consolar o coração da pobre
adolescente: “Esquenta não, mina. É assim mesmo. O amor anda de
ônibus”.
Diego
Moraes, in
ursocongelado.tumblr.com
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