quarta-feira, 23 de março de 2016

Sobre concursos literários

Sou um grande incentivador dos concursos literários. E as razões são estéticas, psicológicas, sociais e econômicas.
Do ponto de vista estético, os concursos aferem tendências, fazem aflorar novas formas, impulsionam a qualidade artística média.
Do ponto de vista psicológico, os concursos geram grande autoconfiança nos vencedores, levando-os a crer que são, realmente, escritores porque venceram.
Do ponto de vista social, os concursos são importantes porque dão visibilidade à literatura, que, neste momento da história, por conta das transformações técnicas (advento de novos meios de comunicação), anda desprestigiada. Quando muitos se tornam escritores, escrever deixa de ter importância.
E, do ponto de vista econômico, os concursos literários são uma excelente fonte de renda para os autores, que, hoje, veem o direito autoral esfarelar-se entre os dedos.
No entanto, apesar da importância, apesar do glamour, apesar de tudo que a vitória num concurso pode significar, é bom que os vitoriosos não esqueçam que Sófocles perdeu um concurso de tragédias, na Grécia; que Guimarães Rosa perdeu um concurso de contos, no Brasil; e que Fernando Pessoa perdeu um concurso de poesias, em Portugal.
Fico apenas nesses três gêneros (que considero os maiores) e apenas nesses três autores, que estão entre os melhores que a humanidade produziu.
Às vezes, ironicamente, ganhar um concurso pode significar outra coisa.
Charles Kiefer, in Para ser escritor

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