Sou
um grande incentivador dos concursos literários. E as razões são
estéticas, psicológicas, sociais e econômicas.
Do
ponto de vista estético, os concursos aferem tendências, fazem
aflorar novas formas, impulsionam a qualidade artística média.
Do
ponto de vista psicológico, os concursos geram grande autoconfiança
nos vencedores, levando-os a crer que são, realmente, escritores
porque venceram.
Do
ponto de vista social, os concursos são importantes porque dão
visibilidade à literatura, que, neste momento da história, por
conta das transformações técnicas (advento de novos meios de
comunicação), anda desprestigiada. Quando muitos se tornam
escritores, escrever deixa de ter importância.
E,
do ponto de vista econômico, os concursos literários são uma
excelente fonte de renda para os autores, que, hoje, veem o direito
autoral esfarelar-se entre os dedos.
No
entanto, apesar da importância, apesar do glamour, apesar de
tudo que a vitória num concurso pode significar, é bom que os
vitoriosos não esqueçam que Sófocles perdeu um concurso de
tragédias, na Grécia; que Guimarães Rosa perdeu um concurso de
contos, no Brasil; e que Fernando Pessoa perdeu um concurso de
poesias, em Portugal.
Fico
apenas nesses três gêneros (que considero os maiores) e apenas
nesses três autores, que estão entre os melhores que a humanidade
produziu.
Às
vezes, ironicamente, ganhar um concurso pode significar outra
coisa.
Charles
Kiefer, in Para ser escritor
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