Depois
de construir a fama de recluso e avesso a exposições, por volta dos
70 ele [Quintana] se deixou descobrir explicitamente. Virou atração
turística, como avalia o jornalista Ivo Stigger. “Sou a falta de
assunto predileta das professoras de Português da Grande Porto
Alegre”, divertia-se. Quando não podia fugir, desaparecendo nos
corredores do prédio da Caldas Júnior ou enfiando-se num cinema,
aceitava o sacrifício estoicamente.
Naquela
tarde, um bando de normalistas do Instituto de Educação (ainda
usavam o uniforme tradicional, saia plissada azul-marinho, blusa
listrada em vermelho e branco, gravatinha) invadiu a redação e foi
direto à mesa do poeta, tema involuntário de um trabalho em grupo.
Apegando-se
ao fato de que ele sempre vivera sozinho, uma magrelinha loira faz a
primeira pergunta:
– O
senhor poderia falar sobre o problema da solidão?
Ele,
dirigindo-se ao grupo:
– O
maior problema da solidão, minhas filhas, é preservá-la.
Juarez
Fonseca, in Ora bolas – O humor de Mario Quintana
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