Você
também deve ter alguma palavra que aprendeu na infância, que tinha
um certo significado e aquilo ficou impregnado na sua cabeça para
sempre. Só anos depois veio a descobrir que a palavra não era bem
aquela e nem significava aquilo. E, assim, existem várias palavras.
Por exemplo:
Pé
de Cachimbo -
A frase “hoje é domingo, pé de cachimbo”. Na verdade, não é
pé de cachimbo, mas sim pede (do verbo pedir) cachimbo. Ou seja,
pede paz, tranquilidade, moleza.. E a gente sempre a imaginar um pé
de cachimbo no quintal, todo florido, com cachimbos pendurados,
soltando fumaça.
Nabucodonosor
-
Eu sempre achei que o babilônico Nabuco fosse um país chamado
Nosor. Era Nabuco do Nosor. Achava que devia ser na África, perto do
Quênia, por ali. Hoje já sei que Nabuco é um bar na Villaboim.
Álibi
-
Quando eu era garoto, tarado por filmes de bandido e mocinho, sempre
achei que Álibi era o amigo do Mocinho. Claro, o Mocinho sempre
tinha um Álibi e o bandido não. O Álibi, nos filmes geralmente,
era um velhinho. Mas resolvia.
Atalibálago
-
Esta é do escritor Fernando Moraes. Quando era garoto, em Minas, viu
um nome escrito com cal numa enorme parede de pedra: Atalibálogo.
Adorou o nome, chegou até a comentar com o pai e nunca se esqueceu
da esquisitice. Era pequeno, achava quer era um palavrão. Xingava as
pessoas: seu atalibálago! Filho de uma atalibálaga! Só anos depois
mais tarde, veio a descobrir que, na verdade, era um candidato a
deputado que um dia acabou se elegendo e se chamava, na verdade,
Ataliba Lago.
Margarida
-
Esta está até em uma peça. A personagem pensava: Do que a terra...
Margarida...
Sulfechando
-
Meu primo, um dia perguntou ao pai dele o que significava o verdo
Sulfechar. O pai alegou que esse verbo não existia e teve que provar
com dicionário e tudo. Como o garoto insistia em conjugar o verbo, o
pai perguntou onde ele tinha ouvido tal disparate. E ele disse e
cantorolou aquela música do Tom Jobim: são as águas de mar
sulfechando o verão...
Ventre
Jesus -
Aprendi a rezar Ave-Maria ainda analfabeto, com três ou quatro anos.
E sempre achei que Ventre era o primeiro nome do Homem, quando dizia
do nosso Ventre Jesus. Aliás, achava um belo nome para Deus: Ventre
Jesus!
Tumitinha
-
Todo mundo conhece a música Ciranda-Cirandinha. A Adriana, uma
amiga, me confessou que durante anos e anos, entendia um verso
completamente diferente. Quando a letra fala o amor que tu me tinha
era pouco e se acabou, ela achava que era o amor de Tumitinha era
pouco e se acabou. Tumitinha era um menino, coitado. Ficava com dó
do Tumitinha toda cez que cantava a música, porque o amor dele tinha
se acabado. E mais, achava que Tumitinha era um japonesinho. Devia se
chamar, na verdade, Tumita. Quando ela descobriu que o Tumitinha não
existia, sofreu muito. Faz análise até hoje.
Mário
Prata, in
crônica para o jornal “O
Estado de São Paulo”
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