“Verifica
que homem
feliz
não
é aquele que o vulgo entende por tal, ou seja, um homem de grandes
recursos monetários; é, sim, aquele para quem todo o bem reside na
própria alma, é o homem sereno, magnânimo, que pisa aos pés os
interesses vulgares, que só admira no homem aquilo que faz a sua
qualidade de homem, que segue as lições da natureza, se conforma
com as suas leis, e vive segundo o que ela prescreve; é o homem a
quem força alguma despojará dos seus bens próprios, o homem capaz
de fazer do próprio mal um bem, seguro do seu pensamento,
inabalável, intrépido; é o homem a quem a força pode abalar, mas
nunca desviar da sua rota; a quem a fortuna, apontando contra ele as
mais duras armas com a maior violência, pode arranhar, mas nunca
ferir, e mesmo assim raramente, porquanto os dardos da sorte, que
afligem em geral a humanidade, fazem ricochete contra ele à maneira
do granizo que, batendo no teto, salta e se derrete sem causar
qualquer dano ao ocupante da casa.”
Sêneca,
in
Cartas a Lucílio
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