“Enquanto
esperava o trem para Monteux, Elena examinava as pessoas que a
cercavam na plataforma. Toda viagem lhe despertava a mesma
curiosidade e esperança que se sente diante de uma cortina que é
erguida em um teatro, a mesma expectativa e ansiedade. Separou
mentalmente vários homens com quem gostaria de conversar,
perguntando-se se eles iriam viajar ou se estariam presentes apenas
para se despedir de outros passageiros. Seus anseios eram vagos,
poéticos. Se alguém lhe perguntasse o que estava esperando, poderia
muito bem responder: ‘Le merveilleux’ O tipo da coisa imprecisa,
que não se originava de qualquer região precisa de seu corpo. Era
verdade o que alguém lhe dissera depois de ter criticado um escritor
que conhecera: ‘Você não pode vê-lo como ele realmente é, você
não é capaz de ver ninguém com seu rosto e sua verdadeira
personalidade. Sempre se sentirá desapontada porque sempre estará
esperando por um certo alguem’. Sim, ela estava esperando que
aparecesse alguém muito especial, toda vez que uma porta se abria,
sempre que ia a uma festa, que se aproximava de qualquer grupo de
pessoas, quando entrava em um café ou em um teatro. Nenhum dos
homens que selecionara como companhias desejáveis para sua viagem
tomou o trem. Restava-lhe o livro que trouxera: O amante de Lady
Chatterley.”
Anais Nin, in Delta de Vênus
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