“A
memória é o nosso grande lugar. Na memória tem tanto o que vivi
quanto o que sonhei ter vivido. Não acredito em memória pura. Toda
memória é ficcional. É um pedaço da memória com mais um pedaço
da fantasia. A fantasia é o que temos de mais real dentro de nós. A
fantasia é a minha verdade mais profunda. A fantasia é aquilo que
não conto para ninguém, só para as pessoas que amo muito. Ela é
tão verdadeira que quando vou contar essa fantasia, faço uma
metáfora para protegê-la. Pois a fantasia é o que tenho de mais
profundo dentro de mim. É o meu real mais absoluto. Não existe uma
memória pura, toda memória é ficcional. Precisamos tomar posse da
fantasia. Todo real é uma fantasia que ganhou corpo. O que põe o
novo no mundo é a fantasia. Uma escola nova é uma escola que
cultiva a fantasia. Se ela ficar só na tradição, ela só fica na
repetição. Ela não instala o novo. É a fantasia que inaugura o
novo no mundo. Há cem anos, voar era uma fantasia do Santos Dumont.
É preciso saber se quero uma sociedade nova. Preciso de uma escola
fantasiosa e convidar a criança para deixar a fantasia vir à tona.”
Bartolomeu
Campos de Queirós,
in Palestra no Teatro do Paiol, Curitiba – PR
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