...
como os mais belos harmônicos da natureza. Uma música que seja como
o som do vento na cordoalha dos navios, aumentando gradativamente de
tom até atingir aquele em que se cria uma reta ascendente para o
infinito. Uma música que comece sem começo e termine sem fim. Uma
música que seja como o som do vento numa enorme harpa plantada no
deserto. Uma música que seja como a nota lancinante deixada no ar
por um pássaro que morre. Uma música que seja como o som dos altos
ramos das grandes árvores vergastadas pelos temporais. Uma música
que seja como o ponto de reunião de muitas vozes em busca de uma
harmonia nova. Uma música que seja como o voo de uma gaivota numa
aurora de novos sons…
Vinicius
de Moraes, in Para
viver um grande amor
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