“Então,
grupos de homens molhados saíam das tendas e dos barracões
superlotados, homens, cujas roupas eram farrapos encharcados e cujos
sapatos se haviam transformado numa papa lodosa. Caminhavam na água,
que saltava sob os seus passos e iam às cidades, às vendas das
redondezas, às comissões de socorro, a implorar comida, a mendigar,
humilhando-se a solicitar auxílio, mentindo e tentando roubar. E
entre os mendigos e os humilhados, uma raiva desesperada começou a
tomar forma. Nas pequenas cidades, a compaixão pelos homens
encharcados transformou-se em indignação, e a indignação,
despertada pela gente faminta, transformou-se em medo. E então os
xerifes reuniam turmas de policiais, emitiam pedidos urgentes de
rifles, de gases lacrimogêneos e de munições. E os homens famintos
enchiam as ruas para onde davam as traseiras dos estabelecimentos,
mendigando pão, mendigando verduras podres e roubando o que podiam.”
John
Steinbeck, in
As vinhas da ira
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