“-As
estrelas, meu Deus! Olha só para estas estrelas – disse
repentinamente, com entonação pesada e cantante, uma voz que
parecia vir de dentro de um tonel. Já a conhecia. Pertencia a um
homem ruivo, vestido com simplicidade, de pálpebras vermelhas e um
aspecto úmido e frio, como se acabasse de tomar banho. Fora o
vizinho de Tonio Kroeger, durante o jantar na cabina, e havia
consumido com hesitação e movimentos modestos, porções espantosas
de omelete de lagosta. Agora encostava-se ao lado dele na amura e
olhava para o céu segurando o queixo com o polegar e o indicador.
Sem dúvida encontrava-se numa dessas disposições extraordinárias
e festivas, nas quais as barreiras entre os homens caem, nas quais o
coração também se abre para estranhos e a boca diz coisas que em
outra ocasião, envergonhada, guardaria para si...”
- Thomas Mann, in Tonio Kroeger
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