“Com
o tempo, tudo se conserva, mas desbota, como essas fotografias de um
passado distante que eram fixadas em placa de metal. A luz e o tempo
esfumam os traços mais nítidos, que aos poucos desaparecem da
placa. É preciso trocar a imagem de posição para que a luz de um
determinado ângulo caia sobre aquela superfície turva, e assim é
possível reconhecer a pessoa cujos traços outrora eram refletidos
num espelho. Da mesma forma desbotam no correr dos anos todas as
recordações humanas. Depois, um belo dia, cai um raio de luz de
algum lugar e então redescobrimos um rosto de repente.”
Sándor
Márai,
in As
brasas
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