Ai!
Se sêsse!…
(Zé da Luz)
(Zé da Luz)
Se
um dia nós se gostasse;
Se um dia nós se queresse;
Se nós dois se impariásse,
Se juntinho nós dois vivesse!
Se juntinho nós dois morasse
Se juntinho nós dois drumisse;
Se juntinho nós dois morresse!
Se pro céu nós assubisse?
Se um dia nós se queresse;
Se nós dois se impariásse,
Se juntinho nós dois vivesse!
Se juntinho nós dois morasse
Se juntinho nós dois drumisse;
Se juntinho nós dois morresse!
Se pro céu nós assubisse?
Versos
despreocupados, linguajar informal e livretos coloridos. Esses são
os ingredientes principais para compor uma boa literatura de cordel.
Inspirada
na literatura de cordel portuguesa, onde os autores declamavam seus
textos para o público acompanhados do som de uma viola, e também na
literatura francesa de colportage do século XVII, que tinha o
objetivo de difundir a linguagem popular, a nossa literatura de
cordel veio com os próprios colonos portugueses e nasceu no Nordeste
do Brasil. Seus versos falam sobre a trajetória do povo do sertão.
Os
textos são poéticos, rimados e publicados em pequenos livros de
papel feitos manualmente pelos próprios autores. Eles são feitos
com apenas uma folha dobrada estrategicamente para formar oito
páginas, mas alguns podem chegar até 32. A venda também é feita
pelos autores, geralmente em feiras nordestinas ou nas ruas, onde são
expostos em um fio de barbante.
Os
temas são variados e representam, principalmente, a opinião do
autor a respeito de algo na sociedade e no seu cotidiano. A linguagem
não é impessoal e muito menos imparcial, são utilizadas várias
técnicas de persuasão para convencer o leitor a acreditar nos
acontecimentos narrados nos cordéis.
Os
assuntos transitam entre aventuras, mitos, lendas, romances, boatos e
histórias cômicas. É muito comum encontrar também cordéis que
reproduzem desafios de ícones nordestinos como Lampião, Padre
Cícero e Frei Damião. Os temas mais sérios como os religiosos,
políticos e sociais também estão muito presentes. Grande parte dos
autores aproveita para criticar a realidade e as condições em que
vivem, sempre abusando da ironia e do sarcasmo.
Podemos
dizer que o cordel também tem caráter jornalístico, já que os
desastres, as inundações, as secas, os cangaceiros, as reviravoltas
políticas são retratadas em centenas de títulos por ano. Um bom
exemplo disso é o cordel intitulado “A lamentável morte de
Getúlio Vargas”, que foi feito imediatamente após o cordelista
Delarme Monteiro da Silva escutar a notícia do suicido do
ex-presidente no rádio. O sucesso foi tanto que ele vendeu 700 mil
exemplares em apenas dois dias. Outros assuntos da mídia que tiveram
grande repercussão foram “O trágico romance de Doca e Ângela
Diniz” e “Carta do Satanás a Roberto Carlos”, este último
inspirado na música “Quero que vá tudo pro inferno”, do rei da
Jovem Guarda.
Veja
a matéria completa da Obvious aqui.
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