“No
reino da Natureza dominam o movimento e o agir. No reino da liberdade
dominam a aptidão e o querer. O movimento é perpétuo e, sendo
favoráveis as circunstâncias, manifesta-se necessariamente nos
fenômenos.
As aptidões, desenvolvendo-se embora em correspondência com a
Natureza, têm contudo que ser postas em exercício por parte da
vontade para poderem elevar-se gradualmente. É por isso que nunca
temos no exercício livre da vontade a mesma certeza que temos na
autonomia do agir natural; este último é qualquer coisa que se
produz a si mesma enquanto que o primeiro é produzido.
O
exercício da vontade, para ser perfeito e eficaz, tem que se
adequar: no plano moral, à consciência - a uma consciência sem
erro -, e, no domínio das artes, à regra - a uma regra que em
nenhum lado está enunciada. A consciência não precisa de nenhum
patrocínio, porque tem tudo o que lhe é necessário e porque só
tem que ver com o mundo pessoal interior. O gênio
também não precisaria de nenhuma regra, mas, uma vez que a sua
eficácia se dirige para o exterior, está na dependência de
múltiplas contingências materiais e temporais, não lhe sendo
possível escapar a erros que daí decorrem. E é assim que tudo o
que diz respeito a qualquer arte, desde a condução de uma orquestra
até à composição de um poema, desde a produção de uma estátua
até à execução de um quadro, nos parece, do princípio ao fim,
tão espantoso e tão inseguro.”
Johann
Wolfgang von Goethe,
in
Máximas e Reflexões
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