“Maria
Turum, empregada antiga do meu avô, sabia de um tudo sem conhecer as
letras. Conforme o meu olhar, ela me oferecia um pedaço de doce ou
me abraçava em seu colo. Combinava o tempo de chuva com comida de
angu, carne moída e quiabo, sem consultar caderno de receitas. Se
meu avô pisasse mais forte, ela apressava o almoço; e, se, tossia
durante a noite, vinha um prato de mingau, com pedaços de queijo, no
café da manhã. Ao apertar com os dedos um grão de feijão, sabia
se estava cozido ou se precisava de mais caneco de água. Olhava o
céu e deixava a roupa para ser lavada em outro dia, pois faltaria
sol para corar os lençóis. Nunca notei interesse seu diante das
paredes do meu avô. Ela parecia não pensar além da casa. Não
havia horizonte lá fora. Só conhecia o mundo tocado pelos olhos. E
em sua alma, eu compreendia, não cabia mais amor além daquele
dividido entre nós e revelado na limpeza da casa, no carinho da
cozinha, na roupa alvejada no varal.”
Bartolomeu
Campos de Queirós, in Foram
muitos, os professores
ouuuuuuuuuuuuuuuu maria turum bicheira no pé
ResponderExcluir