“Ele
chorou um pouco. Era um belo homem com barba
por fazer e abatidíssimo. Via-se que havia fracassado. Como todos
nós. Ele me perguntou se podia ler para mim um poema.
Eu disse que queria ouvir. Ele abriu uma sacola, tirou de dentro um
caderno grosso, pôs-se a rir, ao abrir as folhas. Então leu o
poema. Era simplesmente uma beleza. Misturava palavrões com as
maiores delicadezas. Oh Cláudio - tinha eu vontade de gritar – nós
todos somos fracassados, nós todos vamos morrer um dia! Quem? Mas
quem pode dizer com sinceridade que se realizou na vida? O sucesso é
uma mentira.”
Clarice
Lispector, in A via crucis do corpo
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