“Meu
pai dirigia um caminhão muito grande e bonito. Viajava para longe,
levando manteiga para as cidades que só produziam pão. Bom Destino
tinha pão e manteiga. Passava dias distantes e voltava trazendo uma
carroceria de notícias. Eu ficava impressionado como era grande o
mundo do meu pai. Ele colocava um travesseiro sobre seus joelhos, me
assentava em cima e me entregava o volante para eu dirigir. Naquele
tempo eu não sabia nem frear meus pensamentos. Tinha só duas
pernas; imagina dirigir um caminhão com dez rodas. Depois, como
seria possível eu aprender a dirigir, se minha alegria eram as
paisagens! No caminhão havia um espelho de lado. Eu apreciava ver
meu pai olhando para a frente e correndo os olhos sobre o que estava
atrás. Nesses momentos ele possuía muitos olhares.”
Bartolomeu
Campos de Queirós,
in
O
olho de vidro do meu avô
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