Provavelmente o nome era Djanira, mas
todos conheciam-na por Dê. Diziam-me:
- Hoje vamos à casa de Dê.
Lembro-me de grandes descampados abertos
ao sol, com lama esturricada, dividida em veios fundos pelo trânsito
das carroças. A casa, não sei como era, mas para mim tinha sempre
uma alegria em reserva: brincar no quintal. À sombras das
mangueiras, desalinhavam-se canteiros cobertos de uma vegetação
escura.
- São murangos – diziam.
À medida que o sol ia queimando mais, eu
procurava, procurava – nunca achei nenhum morango, mas que me
importava, o encanto da procura me bastava.
Lúcio
Cardoso, in Diários
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