“Udenista,
pessedista, qualquer. Amaro já viu muito cabra na agonia, não viu,
Amaro? Não tem jeito, quando está dirigindo não gosta de prosa.
Não ser quando dá bigu às raparigas. Não semos raparigas, pelo
menos eu não sou rapariga, desculpe. Oi Amaro, uh-uh Amaro, ô seu
peste, quando um homem fala tu responde. Um dia desses com essa
macriação algum macho lhe tira-lhe o fato fora, que tu só vai ter
tempo de espiar as tripas, rezar meia salverrainha, um quarto de
atodecontição e escolher o melhor lugar no barro para se ajeitar, e
ligeiro ligeiro, que possa ser que antes de chegar já tenha ido. Oi
Amaro, inda mais que tu é frouxo por demasiado. Vosmecê sabe, esse
apustemado é de Muribeca. Povo de Muribeca não presta, tudo
tabaréu, lá não tem nada, não sabe vosmecê. Amaro, ou você fala
ou eu me ferro. An-bem. Hum. Chu. Estrada de carroça, tudo
desmazelado. Já botei muito cabra para correr assim na escuridão
peluma estrada dessa. Casos menores, remédios outros. Temos dois
tonéus na delegacia de Frei Paulo, para ser enchidos com lata de gás
furada. O bicho entra na chave e pega a encher os tonéus, só que
tem de correr, do contrário a lata desvazia antes, pois os buracos
são muitos e coculados. Bóia, saroios e macasadas, quando há,
dormidas ou não, de acordo. Azeda no bucho e pode dar malinagem na
barriga. Domingo, feijão como vem, folha de couve ou outra naquela
água acastanhada, não petece mesmo, não é comigo não. Casos mais
graves requer a expulsão do alguém. Meia libra de bacalhau cru
quando haja, quando não haja possa ser jabá mesmo, gorda ou não,
sem escaldo. Segue um copo de óleo de rício, esse gordo que chega
as bolhas a se abrir em cima, recindendo mamona.”
João
Ubaldo Ribeiro,
in Sargento
Getúlio
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