quarta-feira, 13 de maio de 2015

A produção musical de Natal nunca esteve tão bem

Gravação Natal

Natal é a terra que não consagra e nem desconsagra ninguém. Foi Câmara Cascudo que disse isso, certo? Pois parece que as coisas andam querendo mudar. Querendo porque consagração, como sucesso, é muito relativo. O que é o sucesso para a Jubarte Ataca e para o Far From Alaska?
Desde o fim dos anos 60 e começo dos anos 70 Natal produz boas bandas e artistas. Modus Vivendi, Cabeças Errantes, Leno, Impacto Cinco, Deadly Fate, General Junkie, Florbela Espanca, Bugs, The Automatics, Peixe Coco, Os Bonnies, Jane Fonda, Camarones Orquestra Guitarrística, DeadFunnyDays, Far From Alaska, Jubarte Ataca (que apesar de ser de Mossoró, todos os integrantes moram em Natal), Kataphero, Orchestre Noire, Tesla Orquestra, Igapó de Almas, Clara e A Noite, Talma & Gadelha, Son Of A Witch, Orquestra Boca Seca, DuSouto, Mahmed… São muitas, muitas mesmo.
O Impacto Cinco, com Leno (da dupla Leno e Lilian) já como produtor, foi a primeira banda natalense a conseguir projeção por uma grande gravadora. De lá para cá, o que se conhecia como indústria fonográfica não existe mais. Em entrevista ao documentário “Independência na Terrra do Sol” Paulo Souto (DuSouto, General Junkie) afirmou que para gravar um disco antigamente era necessário ter o dinheiro de um carro e que os estúdios preparados para gravar forró ignoravam o que era o rock e pop local.
As mudanças na indústria musical e tecnológica fizeram com que o “faça você mesmo” se tornasse a prática da maioria da música produzida no país. O que chega atualmente as rádios e televisões do país não representam as produções locais, regionais ou nacional. A tecnologia trouxe mais informação e quem antes era dependente se tornou dono das ferramentas. Trouxeram novas formas de produzir, de gravar, de circular as produções sem precisar de deslocar para fora de Natal. Claro que tocar é primordial para qualquer músico, mas escoar a produção também é imprescindível para formar público.
Nos dias atuais Natal exporta (a palavra talvez seja forte demais para alguns) bandas para todo o país e até para fora. As fronteiras são quebradas a cada dia e se a época do circuito de festivais e dos coletivos passou, a força do “faça você mesmo” nunca vai deixar de existir. Sendo assim, atualmente a cidade atende por bandas tão distintas como Plutão Já Foi Planeta (pop) e Deuszebul (grindcore) com a mesma importância, cada uma dentro de seu nicho, é claro. O mais interessante é que há consumo para todos. É possível na mesma noite ver lado a lado (é raro, mas acontece) reggae, samba e rock psicodélico, duelando na Rua Chile e levando bom público a todos os eventos. Tudo graças a tecnologia que permite produzir e difundir aliadas a força de vontade de fazer acontecer na hora que sair do virtual.
O que antes só era possível com o dinheiro de um carro, hoje é possível com um bom computador em casa, criatividade e paciência. Dessa forma nossos artistas e bandas vêm produzindo e lançando um disco atrás do outro e chegando cada vez mais longe. Se alguém vai ser consagrado ou não, o tempo dirá. Mas a satisfação é de cada um. Ter um disco lançado, tocar para os amigos ou para um grande público em um festival é de cada um o que é sucesso e reconhecimento.
Natal hoje é um pólo de produção musical como nunca foi.
Hugo Morais, in www.somsemplugs.com.br

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