sexta-feira, 10 de abril de 2015

Orangotango disfarçado de homem

Se tivermos que nos queixar de alguém ou de alguma coisa, seria talvez mais saudável que nos queixássemos de nós próprios, da nossa extraordinária imperícia para descobrirmos os motivos reais do nosso comportamento, da nossa exemplar incapacidade para perceber, no fundo, seja o que for, e da nossa tendência não menos exemplar, não menos irresistível, para agirmos de acordo com o orangotango disfarçado de homem que ainda somos; de acordo com o antropoide altamente especializado – por razões obscuras – na arte do ódio e da destruição.”
João Sousa Monteiro, in Tire a mãe da boca

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