“Se
tivermos que nos queixar de alguém ou de alguma coisa, seria talvez
mais saudável que nos queixássemos de nós próprios, da nossa
extraordinária imperícia para descobrirmos os motivos reais do
nosso comportamento, da nossa exemplar incapacidade para perceber, no
fundo, seja o que for, e da nossa tendência não menos exemplar, não
menos irresistível, para agirmos de acordo com o orangotango
disfarçado de homem que ainda somos; de acordo com o antropoide
altamente especializado – por razões obscuras – na arte do ódio
e da destruição.”
João
Sousa Monteiro, in Tire a mãe da boca
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