domingo, 5 de abril de 2015

Máscara

O caos, se existe, é deliberado; o mecanismo, quando existe, é também deliberado. Não por mim, mas pela própria história, pelas próprias personagens, e logo se descobre que frequentemente é proposital e desvendado no próprio ato de construí-lo e estabelecê-lo. É a máscara para uma representação, o jogo dos papéis; aquilo que desejamos ou devemos ser; aquilo que parecemos ser aos outros; enquanto o que somos, até certo ponto, nem nós mesmo sabemos. É metáfora desajeitada e incerta de nós mesmos; a construção, frequentemente complexa, que fazemos de nós mesmos ou que os outros fazem de nós. Portanto, um mecanismo sim, em que cada qual deliberadamente, repito, é a marionete de si mesmo e, por fim, o chute que faz voar toda barraca.”
Luigi Pirandello, in Advertência sobre os escrúpulos da fantasia

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