“O
caos, se existe, é deliberado; o mecanismo, quando existe, é também
deliberado. Não por mim, mas pela própria história, pelas próprias
personagens, e logo se descobre que frequentemente é proposital e
desvendado no próprio ato de construí-lo e estabelecê-lo. É a
máscara para uma representação, o jogo dos papéis; aquilo que
desejamos ou devemos ser; aquilo que parecemos ser aos outros;
enquanto o que somos, até certo ponto, nem nós mesmo sabemos. É
metáfora desajeitada e incerta de nós mesmos; a construção,
frequentemente complexa,
que fazemos de nós mesmos ou que os outros fazem de nós. Portanto,
um mecanismo sim, em que cada qual deliberadamente, repito, é a
marionete de si mesmo e, por fim, o chute que faz voar toda barraca.”
Luigi
Pirandello,
in
Advertência
sobre os escrúpulos da fantasia
Nenhum comentário:
Postar um comentário