segunda-feira, 20 de abril de 2015

Em comum


Desde que me mudei para Nova Iorque entendi o que a palavra gueixa realmente significa para a maioria dos ocidentais. De tempos em tempos, em festas elegantes, fui apresentada a uma jovem ou outra usando um vestido magnífico e joias. Quando ela fica sabendo que um dia eu fui gueixa em Kioto, dá uma espécie de sorriso, embora os cantos de sua boca não se ergam como deveriam. Ela não sabe o que dizer. Então o ônus da conversa recai sobre o homem ou a mulher que me apresentou a ela – porque nunca aprendi muito inglês, mesmo depois de todos estes anos. Naturalmente, a essa altura não faria muito sentido nem tentar, porque a mulher estará pensando: 'Meu Deus... estou falando com uma prostituta...' Logo depois ela é salva pelo seu acompanhante, um homem rico trinta ou quarenta anos mais velho que ela. Bem, muitas vezes imagino por que ela não percebe quanto realmente temos em comum. Ela é uma mulher sustentada, você entende, e antigamente eu também fui.”
Arthur Golden, in Memórias de uma gueixa

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