domingo, 29 de março de 2015

Verossimilhança

Porque a vida, por todos os seus descarados absurdos, grandes e pequenos, dos quais está tranquilamente repleta, tem o inestimável privilégio de poder prescindir daquela estúpida verossimilhança, à qual a arte se crê obrigada a obedecer.
Os absurdos da vida não precisam parecer verossímeis porque são verdadeiros. Ao contrário dos da arte que, para parecerem verdadeiros, precisam ser verossímeis. E sendo verossímeis, deixam de ser absurdos.
Um acontecimento da vida pode ser absurdo; uma obra de arte, se é obra de arte, não. De onde se deduz que tachar uma obra de arte de absurda e inverossímil, em nome da vida, é idiotice. Em nome da arte, sim; em nome da vida, não.”
Luigi Pirandello, in Advertência sobre os escrúpulos da fantasia

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