“Porque
a vida, por todos os seus descarados absurdos, grandes e pequenos,
dos quais está tranquilamente repleta, tem o inestimável privilégio
de poder prescindir daquela estúpida verossimilhança, à qual a
arte se crê obrigada a obedecer.
Os
absurdos da vida não precisam parecer verossímeis porque são
verdadeiros. Ao contrário dos da arte que, para parecerem
verdadeiros, precisam ser verossímeis. E sendo verossímeis, deixam
de ser absurdos.
Um
acontecimento da vida pode ser absurdo; uma obra de arte, se é obra
de arte, não. De onde se deduz que tachar uma obra de arte de
absurda e inverossímil, em nome da vida, é idiotice. Em nome da
arte, sim; em nome da vida, não.”
Luigi
Pirandello,
in
Advertência
sobre os escrúpulos da fantasia
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