“Quer
que lhe diga? Eu fazia aquela gente pular e exortar em altos brados o
nome e a glória de Deus até todos caírem no chão, exaustos. E a
alguns, batizava-os. E depois, sabe você o que eu fazia? Levava uma
daquelas moças para o mato e deitava-me com ela. Era o que sempre
fazia. Depois, arrependia-me e rezava, rezava, mas sem proveito. Daí
a pouco ela e eu estávamos cheios do Espírito e acontecia a mesma
coisa, outra vez. Pensei que tudo isso era inútil e que eu não
passava dum danado dum hipócrita. Mas era sem querer.
Joad
sorriu, mostrando os dentes alongados, e também os lábios.
– Não
tem nada como uma reunião de culto bem animada para aquecer as moças
– disse ele. – Eu também já fiz isso.
–
Você
vê – gritou. – Eu vi que tudo não passava disso. – Agitou a
mão ossuda e nodosa num movimento de vaivém semelhante a uma
carícia. – Então comecei a pensar: “Aqui estou eu pregando a
graça divina. E eis aqui gente que obtém tanta graça que até
salta e grita. Mas há quem diga que dormir com uma mulher é obra do
diabo. O caso é que quanto mais graça divina uma moça obtém, mais
rápido ela quer ir pro mato.”
John
Steinbeck,
in As vinhas da
ira
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