“Se
eu começar a correr”, pensei, “ela me seguirá!”
Passei
a mão na testa com força, com medo de estar ficando louco, de
transformar aquilo numa obsessão. Mas era isso mesmo! O símbolo, o
fantasma da minha vida era aquela sombra: eu era esse aí no chão, à
mercê dos pés dos outros. Era o que restava de Mattia Pascal,
falecido na Stìa: sua sombra pelas ruas de Roma.
A
sombra tinha um coração, mas não podia amar; tinha dinheiro, mas
qualquer um podia roubá-lo; tinha uma cabeça, apenas para pensar e
compreender que era a cabeça de uma sombra e não a sombra de uma
cabeça. Nada mais que isso!
Luigi
Pirandello,
in O
falecido Mattia Pascal
Nenhum comentário:
Postar um comentário