quarta-feira, 25 de março de 2015

O fantasma da minha vida


Se eu começar a correr”, pensei, “ela me seguirá!”
Passei a mão na testa com força, com medo de estar ficando louco, de transformar aquilo numa obsessão. Mas era isso mesmo! O símbolo, o fantasma da minha vida era aquela sombra: eu era esse aí no chão, à mercê dos pés dos outros. Era o que restava de Mattia Pascal, falecido na Stìa: sua sombra pelas ruas de Roma.
A sombra tinha um coração, mas não podia amar; tinha dinheiro, mas qualquer um podia roubá-lo; tinha uma cabeça, apenas para pensar e compreender que era a cabeça de uma sombra e não a sombra de uma cabeça. Nada mais que isso!
Luigi Pirandello, in O falecido Mattia Pascal

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