terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Coleção de tampinhas

“O trem estava vazio e na minha fantasia o trajeto demorou bastante. Dei a parte nobre da minha coleção de tampinhas para um sujeito que parecia muito triste e estava sentado perto de mim. Talvez um amigo dele tivesse acabado de se matar. Essas coisas a gente não pergunta.
Não foi isso: com raiva, triste e meio bêbado, mas empolgado com as novas perspectivas, cheio de curiosidade pelo que iria acontecer comigo, muito confuso portanto, joguei as tampinhas no lixo da estação de metrô perto da minha casa. Elas já não faziam parte da minha vida.”
Ricardo Lísias, in O céu de suicidas

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