“O trem estava vazio e na minha
fantasia o trajeto demorou bastante. Dei a parte nobre da minha coleção de
tampinhas para um sujeito que parecia muito triste e estava sentado perto de
mim. Talvez um amigo dele tivesse acabado de se matar. Essas coisas a gente não
pergunta.
Não foi
isso: com raiva, triste e meio bêbado, mas empolgado com as novas perspectivas,
cheio de curiosidade pelo que iria acontecer comigo, muito confuso portanto,
joguei as tampinhas no lixo da estação de metrô perto da minha casa. Elas já
não faziam parte da minha vida.”
Ricardo Lísias, in O céu de suicidas
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