“O
indivíduo não entra em relação com outros homens por justaposição, mas,
organicamente, ou seja, enquanto passa a fazer parte de organismos, dos mais
simples aos mais complexos. Assim, o homem não entra em relações com a
natureza, simplesmente pelo fato de ser ele mesmo natureza, mas ativamente, por
meio do trabalho e da técnica. Mais ainda: estas relações não são mecânicas. São
ativas e conscientes, correspondem a um grau maior ou menor de inteligência que
delas tem o homem particular. Por isso, se pode dizer que cada um muda a si
mesmo, se modifica, na medida em que muda e modifica todo o conjunto de relações
de que ele é o centro de ligação. (...) Não basta conhecer o conjunto das
relações enquanto existem num dado sistema, mas importa conhecê-las
geneticamente, no seu movimento de formação, já que cada indivíduo não é apenas
a síntese das relações existentes, mas também a história dessas relações, é o
resumo de todo o passado. Dir-se-ia que aquilo que cada um pode mudar é bem
pouco em relação às suas forças. Uma vez que cada indivíduo pode se associar
com todos os que querem a mesma mudança e se esta mudança é racional, o
indivíduo pode multiplicar-se por um número imponente de vezes e obter uma
mudança bem mais radical do que à primeira vista pode parecer possível.”
Antonio Gramsci, in Obras escolhidas
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