sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

A eterna dúvida

“Um certo dia, enfastiado de todas as suas obras e delicadas maquinações e artifícios para povoar a terra de musgos, água, rochas e bichos – de variados tipos, tamanhos e sortilégios, estúpidos e ferozes, cheios de pêlos ou escamas -Ele, o Sem-Nome, o Inominável, o Rosto Sem Face, criou um estranho animal, misturado de medo, cheiros e truculências, e se esqueceu de dar a ele uma razão qualquer para estar ali, entre os rios e o fogo, a luz e a escuridão. Ao que parece, deixou-o imerso na perplexidade e no desalento, entregue à eterna dúvida sobre o seu destino e o significado de sua passagem e finitude.”
Hilda Hilst, in Revista Palavra n° 6/1999

Nenhum comentário:

Postar um comentário