“Um certo
dia, enfastiado de todas as suas obras e delicadas maquinações e artifícios
para povoar a terra de musgos, água, rochas e bichos – de variados tipos,
tamanhos e sortilégios, estúpidos e ferozes, cheios de pêlos ou escamas -Ele,
o Sem-Nome, o Inominável, o Rosto Sem Face, criou um estranho animal, misturado
de medo, cheiros e truculências, e se esqueceu de dar a ele uma razão qualquer
para estar ali, entre os rios e o fogo, a luz e a escuridão. Ao que parece,
deixou-o imerso na perplexidade e no desalento, entregue à eterna dúvida sobre
o seu destino e o significado de sua passagem e finitude.”
Hilda Hilst, in Revista Palavra n° 6/1999
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