“Escuta
ao silêncio – disse Margarida, e a areia sussurrou debaixo de seus pés descalços.
– Escuta e deleita-te com aquilo que nunca tiveste na vida: tranquilidade.
Olha, além em frente, a tua casa eterna, que recebeste como recompensa. Já vejo
a janela veneziana e a vinha virgem que trepa até o telhado. Eis a tua casa, a
tua casa para a eternidade. Sei que à noite virão visitar-te aqueles que te
amam, aqueles por quem te interessas e que não te inquietarão. Eles tocarão
para ti, cantarão para ti, verás que luz haverá no quarto quando as velas
estiverem acesas! Adormecerás com teu eterno barrete engordurado, adormecerás
com um sorriso nos lábios. O sono dar-te-á forças começarás a raciocinar
sabiamente. E nunca mais ousarás mandar-me embora. Eu velarei teu sono.”
Mikhail Bulgakov, in Mestre e Margarida
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