Imagem: Google
Foi
assim que Euclides da Cunha fotografou a seca. Eterna porque independe da ação
humana, fenômeno natural com registro no passado, atestado no presente e
previsível no futuro. Monótona porque vem em ciclos, repetidamente; de fácil
constatação. E novidade por conta da incompetência gerencial do poder político,
que faz da seca uma surpresa a cada ano.
Em
casos mais graves, nem é incompetência. É cumplicidade política, onde a seca
serve para produzir mais riqueza pra quem já é rico e aprofundar mais miséria
para os que continuam pobres. Essa prática é também uma novidade eterna e
monótona.
Até
um órgão com a denominação estúpida de “contra a seca” foi criado. E o pior: de
“obras contra”… De lá pra cá, o mesmo ritual de remendos e assistencialismo.
Onde o vício dessa “arrumação” encontrou agasalho no poder e nos “favorecidos”.
O poder caridoso de um povo mendicante.
Não
consigo ver uma ação governamental que pelo menos saia do ramerrão continuado.
A transposição do São Francisco? É tão antiga e distante que mais parece piada.
Só não é uma piada, porque já derramou e pôs dinheiro público em canos e canais
vazios. Essa sim, a transposição de grana do bolso do povo para a botija de
empresas e empreiteiras. Tudo devidamente licitado, ao sabor da burocracia.
Vejamos
alguns aspectos dessa monumental mentira. Em primeiro lugar é de se constatar o
desgaste do próprio São Francisco. Nascentes agonizantes e matas mortas. Seja
pela estupidez dos nativos dessas regiões, seja pela falta de fiscalização do
Governo e das chamadas entidades de defesa do meio ambiente. O Governo
encastelado nos “negócios” políticos. As entidades ambientais vendendo ilusões
nas salas refrigeradas e nas luzes da mídia. Muita picaretagem e pouca ação.
Outra
constatação. A água que por ventura aqui chegue dessa transposição, será
insuficiente para estancar esse processo perverso das relações com a seca.
Fossem suficientes as águas de um rio, ao passar numa cidade ou comunidade, não
haveria miséria nas cidades ribeirinhas onde passa o São Francisco. Só aí já se
desmoraliza a propaganda enganosa.
Há soluções pequenas e pontuais, que
mesmo não resolvendo o problema geral, podem atenuar bastante os efeitos da
seca.
Vejamos
uma. Os açudes e açudecos, das pequenas e médias propriedades, inclusive nas
beiras das estradas, estão assoreados. Com menos da metade de sua capacidade de
acúmulo. Todo ano, nesta época, eles estão secos e se oferecendo para uma
solução. Qual? A dragagem. Coisa que um pequeno trator, com uma escavadeira,
aprofundará dois ou três, num dia, dependendo da distância. Refaz o porão e com
o material retirado, reforça a parede. Onde se acumulava água por seis meses,
passará ao dobro, com reserva para um ano. Fácil e simples. Todo ano, eu repito
isso aqui.
Eterna sacanagem. Monótona patifaria.
Enrugada novidade. Té mais.
François
Silvestre, in Novo
Jornal, de 28/09/2014
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