“Escutando as risadas descomunais de
alguns companheiros de trabalho, que se divertem enchendo a noite de urros,
pergunto a mim mesmo o que é o riso. Bergson definiu-o num pequeno livro
magistral. E eu, sem pretender entrar na sua metafísica, acho apenas que é a
explosão de um ser recôndito e monstruoso, uma pura vitória do ‘outro’ que
irracionalmente nos habita. Não somos nós, não é a consciência que dita aquele
ruído – ao contrário, esquecemos tudo, entregamo-nos a uma noite inesperada e
violenta, transmitindo através desse cascatear absurdo, a voz de alguém que
ordinariamente o espírito domina.”
Lúcio
Cardoso, in Diários
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