quarta-feira, 20 de agosto de 2014

A bailarina gris

A aula de dança, de Edgar Degas

PENDIDA
como de uma corola o tempo de
uma flor, ela treme:
seu rosto de vinho e maçã
flui no nostálgico acento
com que ao vento se curva, uma tênue
figura.
De chuva
é a leveza de seu olhar parado, de espuma
é seu sapato, e seu pé
informado e prudente arma um pássaro triste na sombra.

PENDIDA,
debruçada de si como uma lágrima
a bailarina rompe
o segredo: do outro lado é que se esvai
a rosa, seu sangue
é este espanto de que se forma o corpo
do silêncio.
Walmir Ayala

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