“A barca voadeira sobe o rio e no seu
leito não atua, flutua, contrária à correnteza, no sentido da tarde, mancha de
fogo refletido n’água. A gaiola imóvel assiste ao país passar acenando, ao som
da hélice gigante que chega à barranqueira; o vento vive na ramagem aflita. As casas
passam, os ingás e igarapés correm junto dos olhos, que chegam à margem,
encantados, para ver o grande feixe de alumínio desnavegar o dia. O imenso
vagão, das janelas de acrílico azul, veio cantar o mundo com a sua música parada,
sem trilhos, sem remos, sem asas.”
Marcílio
Godoi
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